A serialização é uma etapa obrigatória na implementação da rastreabilidade de medicamentos prescritos. O que muitas farmacêuticas ainda não sabem, é que existem vantagens por trás da serialização que vão além da conformidade normativa. A serialização pode ser muito mais que uma simples prestação de contas para a Anvisa. Ela é um processo importante que deve ser acompanhado para garantir maior eficiência operacional e gerar maiores margens de lucro. Dito isto, vamos mergulhar mais profundamente no tema para entender o básico da serialização e sua importância.

 

Serialization

O QUE É A SERIALIZAÇÃO?

A serialização é atribuir um número de série único para poder rastreá-la ao longo de toda a cadeia de suprimentos, desde a produção até chegar ao usuário final. Para medicamentos prescritos no Brasil, o número de série será impresso como parte do Identificador Único de Medicamento (IUM) em cada unidade vendável. Embalagens de medicamentos deverão conter as informações do IUM de forma humano-legível e em um código de barras bidimensional no padrão DataMatrix.

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A SERIALIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS É PADRONIZADA MUNDIALMENTE?

Muitos países tornaram a serialização de produtos obrigatória para as empresas farmacêuticas. No intuito de proteger os consumidores da exposição a medicamentos que podem ser falsificados, roubados, contaminados ou prejudiciais, governos do mundo todo vêm adotando medidas de rastreabilidade (serialização e agregação). Apesar do processo de serialização ser muito similar nos diversos países, não existe uma padronização mundial atualmente. Isso significa que se você exporta ou importa globalmente, precisará conhecer as regulamentações de cada país.

Produtos exportados e importados tornam a visibilidade da cadeia de suprimentos um desafio para os fabricantes. A serialização pode ser uma grande vantagem, uma vez que ela digitaliza todo o processo, gerando transparência e acesso a dados.

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O QUE É O PROCESSO DE SERIALIZAÇÃO?

Conforme mencionamos acima, o processo de serialização varia de acordo com os requisitos estabelecidos nos regulamentos específicos de cada país.

Se estivermos falando do Brasil, a Anvisa requer a impressão do IUM. O fornecedor solicitará o número de série e o fabricante colocará o IUM em cada unidade vendável. Para facilitar o rastreio de medicamentos acondicionados em embalagens de transporte, a caixa de embarque também receberá um número de série único capaz de dizer quais medicamentos estão ali contidos. O conceito é chamado de Identificador de Embalagem de Transporte (IET) e é o código de uma dada embalagem que agrupará um ou mais IUM. Toda embalagem de transporte de medicamento sujeito ao SNCM deverá ter esse código identificador único que permite a relação com o IUM dos medicamentos nela contidos.

Quando o produto estiver pronto para embalagem, cada rótulo (IUM) é escaneado para determinar a correta colocação e leitura dos códigos.

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QUAIS INFORMAÇÕES PRECISAM ESTAR NO IUM DO CARTUCHO?

Na maioria dos casos, as diretrizes da organização GS1 são usadas para preparar regulamentos de serialização para a indústria farmacêutica. O processo de serialização só pode concluído depois que o Identificador Único de Medicamento (IUM) for impresso na embalagem. Aqui estão as informações que você precisará para implementar a serialização em produtos farmacêuticos:

NÚMERO DE LOCALIZAÇÃO GLOBAL (GLN, EM INGLÊS) E NÚMEROS DE ITEM DE COMÉRCIO GLOBAL (GTIN, NA SIGLA EM INGLÊS)

Os números GLN e GTIN estão facilmente disponíveis se você se registrar com a organização local GS1 de seu país. O GLN é o endereço global a partir do qual uma empresa farmacêutica opera, e os GTIN identificam produtos e serviços.

Número de registro do medicamento (Anvisa)

Esse é o número de registro junto à Anvisa que todo medicamento precisa ter para ser fabricado e vendido.

NÚMERO DE SÉRIE

Um número de série é uma sequência de caracteres numéricos ou alfanuméricos que pode ter até 20 dígitos. Há um número de série único para cada GTIN.

DATA DE VALIDADE

A data de validade do medicamento.

INFORMAÇÕES SOBRE O LOTE

Esta é a informação de produção específica da empresa utilizada durante a fabricação do medicamento.

Quer entender mais sobre quanto espaço é necessário disponibilizar no cartucho para a serialização? Assista nosso treinamento sobre codificação.

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POR QUE SERIALIZAR?

A serialização pode oferecer um grande controle sobre sua produção, distribuição e dispensação. Atualmente, um produto muda de mãos pelo menos 10 vezes, desde a fase de fabricação até quando chega ao consumidor. Obter dados de toda essa jornada facilita:

  • Identificar gargalos na produção;
  • Identificar produtos de carga roubada reinseridos na cadeia;
  • Gerenciar estoque e prever demanda; e
  • Gerenciar recalls com rapidez.

 

Veja abaixo algumas das razões pelas quais a serialização é necessária para a indústria farmacêutica.

MEDICAMENTOS FALSIFICADOS

Além de melhorar a cadeia de suprimento, a serialização tem ajudado a combater a contrafação de medicamentos. Medicamentos duplicados e falsificados estão levantando problemas em empresas farmacêuticas a um nível global. Os fabricantes muitas vezes têm dificuldade em parar a produção em uma fábrica de falsificação, pois os medicamentos são fabricados em diferentes fases e locais, e esses locais podem até estar em países diferentes.

Uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde revelou que quase 50% dos medicamentos vendidos na Internet são falsificados, e cerca de 90% dos medicamentos vendidos não são originalmente do país listado no site.

É aqui que a serialização pode ser de grande ajuda. Um sistema abrangente é criado para rastrear e acompanhar o trânsito de medicamentos com prescrição. Ele pode ajudar a identificar cada entidade, com a ajuda de um número de série único. Também é possível verificar informações como o país de origem, o prazo de validade e o número do lote da entidade. Desta forma, todo o ciclo de vida do produto, desde sua produção, até sua distribuição, até chegar ao usuário final, está presente no banco de dados.

DESAFIOS ENFRENTADOS PELA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA AO ADOTAREM A SERIALIZAÇÃO

Não há dúvida de que a serialização simplifica o processo comercial, mas ela vem com alguns desafios. Vejamos os principais:

REDESENHO DE RÓTULOS E CARTUCHOS

A serialização poderia significar uma grande mudança no desenho do rótulo para muitos fabricantes, pois exige espaço para a impressão do código de barras 2D. Isto, às vezes, leva a um redesenho dos elementos gráficos, estrutura da embalagem etc., resultando em despesas adicionais.

GERENCIAMENTO E DISPONIBILIDADE DE DADOS

As empresas farmacêuticas precisam expandir seu gerenciamento de dados e sua arquitetura de TI para usufruírem dos benefícios da serialização. O departamento de TI deve ser ágil e sólido o suficiente para gerar, capturar, armazenar e transmitir centenas de milhares de números de série para diferentes cadeias de suprimento.

EFICIÊNCIA DE PRODUÇÃO

Introduzir um novo processo dentro de uma linha de fabricação, inevitavelmente impacta performance. A leitura dos lotes e a rotulagem de cada embalagem irá retardar o processo de embalagem. Isto torna necessário que o fabricante treine bem seus funcionários e aumente a mão de obra, para mitigar ao máximo o impacto na produção.

CUSTOS

Introduzir a serialização significa atualizar equipamentos, software e hardware, formar os membros da equipe e adicionar mais talento. Todo esse custo adicional pode elevar os custos no orçamento de uma empresa farmacêutica, por isso a importância de investir em um sistema que possa oferecer mais do que apenas conformidade normativa.

COMO A SERIALIZAÇÃO MELHORA A CADEIA DE SUPRIMENTOS?

Independentemente dos desafios, as empresas farmacêuticas estão adotando a serialização, seja pelo fator regulamentário, ou pelo desejo de se tornar mais eficiente. Quando executada da maneira correta, a serialização ajuda a tornar a cadeia de suprimentos mais transparente. O que isso significa? No nível micro, a serialização se mostra eficaz contra roubos, falsificações e desvios. A possibilidade de rastrear a localização ao vivo de cada produto facilita o acompanhamento da remessa e a remoção de produtos defeituosos ou recolhidos. No nível macro, a serialização permite digitalizar a sua cadeia de suprimentos. Você poderá obter dados valiosos de produção, estoque, demanda, etc.

FATORES A CONSIDERAR AO IMPLEMENTAR A SERIALIZAÇÃO

A mudança para a serialização vem com seu próprio conjunto de despesas e mudanças. Aqui estão alguns dos fatores que exigirão sua atenção quando você implementar a serialização:

CUSTOS

Antes de implementar a serialização, as empresas farmacêuticas precisam alocar um orçamento para atualizar seus equipamentos, software e hardware para solicitar números de série e gerenciar os dados obtidos durante o processo.

RECURSOS

Você tem recursos e mão de obra suficientes para automatizar todo o processo? Como não há um livro de regras padrão para a serialização nas indústrias farmacêuticas, pode ser um pouco desafiador o entendimento de todo o conceito e sua implementação bem-sucedida. As empresas precisarão de recursos, por vezes dedicados ao projeto, para planejar a parte da implementação. Além disso, a formação dos funcionários pode se tornar uma necessidade para garantir que você esteja otimizando ao máximo o processo recém-introduzido.

ESCOLHER UM FORNECEDOR

Nem todas as empresas farmacêuticas estarão interessadas na criação de um departamento interno de serialização. É aqui que entra em cena um fornecedor. Encontrar um fornecedor com uma vasta experiência na integração da serialização na indústria farmacêutica não é uma tarefa fácil. Em linha com este tema, escrevemos um breve artigo sobre os passos importantes na implantação da rastreabilidade.

AUTOMAÇÃO E GERENCIAMENTO DE DADOS

Inicialmente, a serialização vai impactar a velocidade de produção, especialmente na fase de embalagem, e o motivo é a adição de números de série em cada produto, embalagem, caixa de embalagem paletizada.

As instalações de fabricação e embalagem precisarão de sistemas para armazenar os dados gerados pela serialização para dar aos usuários acesso fácil e ao vivo.

INTERCÂMBIO DE DADOS

O conceito de serialização na sua totalidade pode falhar se você não fornecer os dados para compartilhamento externo. Deve haver sistemas para garantir o compartilhamento seguro de dados com quem manuseia a cadeia de suprimento e com seus clientes diretos.

CONCLUSÃO

A serialização e gestão do produto está se tornando a linha de vida das empresas farmacêuticas e das redes de fornecimento e distribuição. Apesar dos desafios que implica, a serialização é a forma de racionalizar o processo e levar a segurança e a confiabilidade da cadeia de suprimento global das farmácias para o próximo nível.

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